O dia em que matei nossos filhos

Vou matar nossos filhos
Sementes secas de sonhos vãos
Vou apagar o amanhã
Memórias daquilo que nunca existiu
Rostos e nomes dos filhos
que ninguém pariu
Mas antes o suicídio
desta versão pobre, triste
E barata, que você fez de mim
Mato a punhaladas; ateio fogo
Piso e cuspo em cima dessa pilha
Fútil e inútil a qual chamo de vida.
O sangue dessa chacina me lava a alma
E dentre tudo, só pouparei você
Porque te amo demais
Antes de partir
Parto tuas correntes
Mas por favor – não me siga
Eu sou o parasito aqui!
Tu és tudo que me sustenta
Tua vida me alimenta
Por isso me esforço a atirar-me
à morte lenta que é certa longe de ti
Antes sofrer a sonhar uma vida que não vivi
Por isso me deixe ir, sozinha estou faz tempo
Quero estrada, quero o nada, quero vento
E todo tormento que eu puder encontrar
Prometo nunca mais voltar, e lamento
Pra sempre te amar.

mix poema/conto
Imagem McKean

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