Poesia: Sinestesia II

Assisto a gota pender
Jogar-se ao incerto
Vôo alto - céu aberto
Chão longe - tão perto
Com pressa ela segue
Correr - Cair
Morrer - Sentir

Se desmanchar em breve

Vejo a folha
Levada ao vento
Perdeu sustento
Flutua - superfície gelada
Afunda - feito pedra pesada
Plaina - feito pluma leve

Crescer pra secar em breve

Sou criador e criatura
Vil e indecente
Doce e carente
Fria e quente
Amada
Amarga
Incoerente!

Vil de chorar
Doce de doer
Fria de queimar
Quente de arder

Vivo pra morrer
Pressa pra esperar
Lembro pra esquecer
Coisas de guardar
Olho pra não ver
Rio pra sofrer
Choro para amar

Creio no não crer
Rezo pra não ser
Temendo – Sabendo
Já sendo

A folha verde - livre e leve
A gota azul - fria e breve

Visto a pele
Morna e nua
Bebo água
Seca e crua
Vida leve
Reza breve

Sou o não ser
Faço o não deve

Utopia - ser
Agonia - sim
Heresia – crer

Sinestesia - FIM.


Sinestesia II Por Jú Blasina
Sinestesia I Por Tatty Nascimento no blog "minuciosaformiga" http://assimdeveraeuser.blogspot.com/
Veja também Sinestesia III (Fim) Trabalho conjunto - Neste Blog

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