CRÔNICA: Universo Barbie

Publicada no Jornal Agora - Rio Grande/RS em Abril/2009























Barbara Millicent Roberts, menina que em 1959 inspirou os pais a criarem a famosa – amada ou odiada – boneca Barbie. A criação baseou-se em 2 vertentes: A forte associação com a moda e a ideia que acabou virando slogan:

"Barbie, tudo o que você quer ser"

- Será mesmo? E por que não?

O preconceito sobre a coitada é enorme! As feministas a odeiam por representar um ideal de beleza inalcançável: a ditadura da magreza influenciando meninas de todo o mundo, que acabam trocando a Barbie por "pseudoamigas" ainda mais cruéis como a ANA (anorexia) e a Mia (Bulimia). Fardo um tanto pesado para se atribuir a uma pequena boneca, não é mesmo?

Verdade: A Barbie, enquanto top model, sempre foi “símbolo de beleza e juventude”. E não é atoa - mesmo hoje, no alto de seus 50 anos comemorados em 9 de Março, ela continua maravilhosa (milagre maior só mesmo a Madonna). Porém, como boa representante feminina, ela nunca foi só isso – BOA representante feminina SIM!

Que tal antes de correr até a caixa de brinquedos e cortar-lhe a cabeça, conhecer um pouco da vida dessa jovem senhora?

Ao contrário de Eva, no universo Barbie a mulher surgiu primeiro – só após 2 anos de solidão foi que surgiu seu namorado, o Ken. Logo em seguida ela ganhou pernas flexíveis (mera coincidência?) Agora, cá pra nós: Coitada! Ele até tentou melhorar o visual, inspirando-se em John Travolta nos anos 70, e posteriormente (pasmem) até no Brad Pitt. Mas não deu. Enquanto isso, o mundo se enchia de tentações saradas e atléticas como o Max Still e seu incrível adrenalink (quanto mais emoção gerada, mais adrenalina o rapaz libera – uau!). Ainda assim ela se manteve fiel ao casamento. Amigas, só ganhou nos anos 70, ou seja, passou 10 anos “numa ilha deserta com o clone do Sílvio Santos”. Sua primeira amiga, Christie, foi também a primeira boneca negra. Logo após veio Stacy, uma linda latina, e então com 3 amigas (aquele marido) e um visual psicodélico, seu mundo ficou muito mais colorido! Mas o mundo da moda é um mundo cruel. Além da obrigação de se manter maquiada, escolher os acessórios certos e vestir-se conforme as últimas tendências, ainda nos anos 70 foi exigida sua primeira cirurgia plástica. O estilo Malibu obrigava-a a descolorir suas longas madeixas e manter a pele sempre bronzeada - o que explica a necessidade de tantas cirurgias plásticas: envelhecimento precoce!

Acompanhando a onda Hippie de liberdade sexual, fez seu primeiro “ensaio sensual” aparecendo de lingerie! Exposição esta que lhe rendeu seu primeiro carro: um esportivo rosa pink – que era dela e não do Ken! Mas em 1972, cansada das passarelas, trocou seu esportivo por um trailer, optando por uma vida mais próxima à natureza e um visual mais riponga - claro que isso não durou muito. Os anos 80 chegaram com todo seu glamour e ela foi logo contagiada, num visual com muito glitter, roupas transparentes e lábios vermelhos (versão do seriado Dallas), ela virou “febre” – todos a queriam: homens, mulheres e crianças – Havia se tornado uma Diva!

Em pensar que, ao surgir, menina do interior, usava um singelo maiô listrado... Hoje estilistas de todo o mundo se esbofeteiam para vesti-la. O Assédio é tamanho que ela se mudou para a China, de onde manda suas representantes aos mais de 150 países onde é requisitada (2 vendas/segundo). Acompanhando o sucesso veio sua primeira Ferrari – novamente DELA e não do Ken (profissão marido). Aliás, não é só ao marido que ela sustenta - como modelo que se preze, Barbie tem 6 irmãos - todos vivendo à sombra de seu sucesso.

Nos anos 90, aproveitando a popularidade adquirida pelo belo corpinho, mas mantida pela postura politicamente correta, foi candidata à presidência dos Estados Unidos (já aos 40 anos). Em sua plataforma (política) defendia, os direitos das pessoas com necessidades especiais, inspirada por sua amiga cadeirante, Becky. Sua campanha contou com o apoio de modelos famosas como a amiga, Naomi Campbell (versão barbie, é claro).

Apesar do fracasso na carreira política ela não desanimou; seguiu em frente e dedicou-se a diversas outras profissões – foi confeiteira, babá, bailarina, patinadora, professora, pediatra, veterinária e ufa... essa mulher não cansa não? Tanta energia assim, só pode advir de reposição hormonal!

Sempre acompanhando as tendências da moda e sociedade, ela rapidamente adaptou-se as novas tecnologias, desde o celular, computador até mais recentemente o mundo virtual – aposta ganha, pois não é de hoje que as meninas crescidas brincam de bonecas; na verdade nós nunca as abandonamos de fato: seja com os filhos, as bonecas virtuais (sims), ou mesmo com a literatura que nos permite fantasiar novas vidas, novos mundos - sempre há espaço para bonecas!

Agora retomando a pergunta – Que mal há em querer ser a Barbie?
Ela já atuou em 16 filmes, inspirou diversos livros, incluindo uma Biografia não autorizada* (é duro ser famosa) e em 2002, deixou sua marca na calçada da Fama em Hollywood. Ela valoriza sim a beleza, mas representa muito mais que isso: uma “boneca” de 50 anos com corpinho de 18, que simboliza uma garota bonita, inteligente, dedicada, amiga, companheira e politicamente correta.

Não julgue o livro pela capa, nem a boneca pela embalagem:
– Há muito mais no universo Barbie do que julga o preço da etiqueta!

* Para quem ficou curioso: Lord, M.G., Forever Barbie: The Unauthorized Biography of a Real Doll.

Comentários

Fábio Rodrigo disse…
Nossaaaaa...
Um culto a uma boneca...
Pelo menos o plástico dela é assumido..
uheuheueueh
A cinquentona mais bonita de sempre...
Klotz disse…
Ninguém é indiferente à Barbie. Pode-se amar, idolatrar ou desprezar, odiar. Ser indiferente jamais.
Tanto é que eu, que me julgava indiferente, li todo o texto.

Ou será que li porque foi bem escrito?