Poesia - Desconecta


Imagem: Steve Adams

Rompendo a interface do existir
Reencontro, interajo, abrevio frases
sem sentido, sem sentir
Neste mundo sem espaços para abraços
criamos coisas, forçamos laços.
Gifs animados substituem o sorrir,
o chorar, o adeus, o pensar
já não requer argumento – basta teclar.

Porém, algo em mim ainda teima ao questionar
Se as pessoas existem além do computador,
Fora da TV. Pequenos anões nos caixas eletrônicos
Serão os gnomos que fugiram do meu jardim?
O mesmo algo em mim que acredita
que o mundo acaba e recomeça
a cada piscar de olhos meus.
E que não há nada além da porta ou janela,
a menos que eu maximize ou espie por ela.

Começo a pensar que há algo de bizarro
no meu mundo e temo o despertar,
desconectar, sem deixar histórico algum.
Quando eu, mesmo a contragosto, resetar,
todo um universo de padrões acabará comigo.
E isto é triste. Mais triste que o fim
da minha própria existência, é o ponto final
de minha consciência coletiva. Ser um,
perante tantos é aquilo que prova que eu existo
e que sou algo além da mera invenção de outrem.

Há muito mais razão na loucura do que o julga o louco.

Comentários

Olá!

Sou sua mais recente colega no Estúdio de Criação Poética. Publiquei ontem meu segundo blavino - belo "filho" seu e do Volmar. rs

Vim conferir seu espaço e gostei muito dos questionamentos que fez em sua Poesia-Desconecta. Já me indaguei a respeito em prosa. Interrogações sem resposta...

Um beijo!