Blavinos 4 & 5

ETÉREA ESTRADA (nº4)




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Contigo. Sem
Rumo. E isso é tudo.


Tudo... o que me basta
Tudo o que me resta, tudo
O que mais importa mora em você


O que existe de mais real, fora da realidade


Teu corpo é toda a verdade que
Eu quero e preciso conhecer.
Juntos, somos um ser


Eterno e etéreo
Flutuando no


Prazer









Imagem: Yoshitaka Amano










AUSÊNCIA (nº5)



Mãos


Faltam-me
Pra carregar


Tantas bagagens
A cada dia mais pesadas
As pernas me faltam nos tortuosos


Caminhos por onde deixei tantos pedaços de mim


Já não tenho boca, já perdi o estômago
Pra mastigar e digerir tanta mentira.
Já perdi os olhos, já não tenho


Mira pra tanta raiva só
mente - ment(e)


Ira

Comentários

Anônimo disse…
Percebi que a coluna, o verso central dos seus blavinos são, ou afirmativas, ou imposições, enfim, é o núcleo sobre o qual você faz sua "digressão poética" (se é que isso existe). Poderia arriscar dizer que você começa escrevendo-o, e que, só depois, abre as "asas", os "braços" do blavino. Em "Etérea estrada" há o corpo do "tu", do outro a quem se dirige e se declara íntima, cujo corpo é a raiz do poema, ou seja, "o que existe de mais real, fora da realidade". E assim, declara que o que a prende e o que a retira da realidade são, a um tempo, a mesma coisa: a estrada etérea da cumplicidade, da intimidade.

Já em "Ausência" há, mais uma vez, a evocação de um "caminho" na coluna do blavino. É interessante que os "pedaços de mim", são trazidos tanto metafórica quando efetivamente: o eu-poético se "autoesquarteja" (ui!) para trazer aquilo que de si representam boca, estômago, olhos, pernas e mãos. Bom, mas não é o melhor. Mas eu gosto.