A sombra - Poesia






Imagem: Dave McKean






Há tempos persegue-me uma sombra
Deformada, mal forjada, vestindo-se de minha
Há tempos percebo esta sombra, fingindo andar sozinha

Um vulto, uma sombra, etérea e cinza, fria e opaca, que
Com o dia se aplaca e junto à lua me espreita
Do que seria ela feita, luz ou escuridão?

Seria ela real ou ilusão? De ótica,
De excesso de medo, de álcool, de solidão
Preciso olhar mais de perto – Melhor – Não.

Abençoada seja a ignorância!
Quando tudo o que lhe acompanha
É uma dúvida, melhor não afugentá-la.

Há tempos corri ao longe, tentando
confundi-la, julgando despistá-la – Errônea
escolha que fez tão triste e vazia minha rua

Desde então sigo, sempre e só, pelo caminho
mais claro, dentre a noite mais escura,
Rente à parede mais turva.

Há tempos persigo esta sombra
E não raro tropeço em amarguras,
Há tempos persigo uma sombra e sonho ser tua.

Comentários

marcia szajnbok disse…
ah, essas sombras... nos acompanham mesmo, não é? assombram, talvez... mas nunca nos deixam sós... era bom ter sombra colorida, mas elas são sempre cinzas e frias... antigas... cheiram naftalina, as sombras... deixe estar a sua... melhor com ela, creia!
bjo
Juliana Licio disse…
De sombra, já basta a minha,
Aos fantasmas: vão passear em outro lugar,
Que sol reflita a sua sombra, sua e só sua.
E também a minha.
Cada um com a sua sombra.
Até dizê-la
possivelmente de alguém,
imaginava que se tratasse de solidão...
Essa é a sombra que me persegue!

Excelente poema!