Crônica: Fazendo Amigos







Publicada no Caderno Mulher/J.Agora (Jul/2009)
Ilustração: Sophie Griotto








Dia vinte de julho é comemorado o Dia do Amigo.
E eu, “como quem não que nada”, na tentativa enxerida de me aproximar vou “puxar o assunto”. Sabia que a data foi criada por um argentino? Pra você ver... Enrique Ernesto Febbraro inspirou-se na data da chegada do homem à lua (1969), vendo nela a possibilidade de se fazer amigos por todo o universo. Assim, durante um ano, o argentino divulgou o lema "Meu amigo é meu mestre, meu discípulo e meu companheiro" e acabou convencendo outras pátrias (no cansaço) a adotarem a data em seus calendários.

E os seus amigos, como são?
Provavelmente pessoas (e alguns animais também – plantas e coisas são questionáveis) dos mais variados tipos - embora todos habitantes do mesmo planeta, para a tristeza do visionário Ernesto - com opiniões e aptidões que muitas vezes divergem absurdamente das suas. Isso quando eles não tem o prazer de implicar com seus hábitos e questionar suas verdades mais sagradas. E é nessas horas que você se pergunta:

— Afinal, por que cargas d’água eu gosto tanto deste peste?

A resposta esta implícita, pois acabamos de entrar no perigoso terreno do gostar, onde nada é explicado e tudo é entendido. A expressão “Gosto não se discute; lamenta-se” também (e muito bem) se aplica para os afetos. Há um “que” inexplicável e invisível ao olhar, que nos torna suscetíveis aos encantos de outro alguém.

Às vezes a empatia é imediata e a amizade nasce “logo de cara”, em outras, se ganha no cansaço (como fez nosso amigo argentino) ou se herda através do casamento ou de amigos mais antigos – como aquele “brinde surpresa” que, a princípio, parece não combinar com nada que se tem, mas que com o tempo você acaba até mudando uns detalhes da decoração para lhe dar espaço. Amigos também são assim – e são contagiosos: Quando você menos espera se ouve repetindo as mesmas frases ou é flagrado com aquele cacoete que você tanto detesta nele – e você continua detestando, mas agora é seu também!

Como estão os seus amigos?
Resposta difícil... O cotidiano e o amadurecimento (coisas que crescem em conjunto) tendem a nos afastar cada vez mais daqueles que amamos – sim, porque amigo de verdade a gente não gosta, ama! Mesmo que não se admita verbalmente – nem é preciso, nem se iluda com segredos – ele já sabe e lhe ama também!

E por onde andam os seus amigos?
Por favor, não responda “no Orkut, Twitter, MSN ou afins” – eles podem até estar lá, também, mas não unicamente. Prepare-se para uma verdade cruel:

— Eles são de carne e osso. Todos eles. Até aqueles que você só conhece virtualmente! E eles continuam vivendo mesmo depois que você desconecta (pasme!).

Talvez um ou outro seja fake (personagem fictício usado para esconder a real identidade) ou fruto da sua imaginação, mas a maioria deles é de pessoas normais – assim espero – por mais estranhos que possam parecer. E por maior que seja a distância física, geográfica, cultural ou temporal que lhes separe, acredite: Distância alguma acaba com uma grande amizade (e esse é o momento em que eu serei piegas, como uma boa e melosa amiga), pois amigos de verdade estão sempre perto do coração.

Um grande e meloso beijo pra você, leitor e (mesmo atrasado):
Feliz dia do amigo!



Ilustração: Jairo Tx

Comentários

Anônimo disse…
Então, aí vai um comentário de amigo: "Ás vezes" está errado: é "às vezes", com crase. Esse acento que muita gente insiste em colocar no "ás" só vale para o baralho, ou para o Tom Cruise (ele é um Ás Indomável, lembra).

Fora isso, ou é sem acento, ou é com crase. Às vezes.

E, como bem sabes, eu te amo (e, oh!, ao teu marido também!)

Teu amigo não-tão fake

V.
Ju Blasina disse…
Ok, "Peste"

Acento entortado para o lado oposto.

Nós aqui tb te amamos!
Falando assim, parece coisa de maluco - risos - mas o "plural" é do marido e não da minha cabeça (creio eu)

Obrigado por passar para um cafezinho! beijus