Poesia - Ao papel

Hoje não escrevo a mim nem a ti
Escrevo apenas
Ao papel
Pois sua existência assim o pede

Sua alva superfície clama
E em triste vastidão reclama
Por letras, riscos
Ou traço qualquer
Retilíneo ao paralelismo linear
Arrisco meros rabiscos em versos
De folhas ou poemas talvez

Escrevo, pois assim o papel pede
E linha a linha me toma
E paginando a vida mede
Sobre mim, reflito
Sobre ti, palpito
Sobre o papel, escrito
Sua leitura é minha
Inspiração

Confesso
O eu-lírico não me é
E por vezes me atravessa
E não raro me impele
Só no papel sopro-lhe vida
E ao etéreo se eterniza
O sentimento que infere

Escrevo ao papel
Pois nele transcrevo a vida
E fora dele sou nada que a vida expele
No papel sou poeta que versa a própria pele

Comentários

Que rasgo
este trecho do último verso:

"sou poeta que versa a própria pele"

Gostei muito, Ju!
Escrever sobre o ato em si
(da escrita)
já é muito prazeroso.
Mais ainda ler
como o enxerga um outro escritor.

Beijo pra você.
Unknown disse…
Gostei dessa poesia- me surpreendi diante de uma tela, e não de um texto escrito: uma tela sobre a palavra, ou texto a respeito do papel/tela...Uma poesia bem 'visual'
:D
Talita Prates disse…
Que "achado", o teu blog!
Volto sempre, volto.
Bjo e paz.
Ju Blasina disse…
Obrigado, muito obrigado, meninas!
É como diz o poema:
"Sua leitura é minha
Inspiração"
(risos)
Grande Beiju
Marcelo Novaes disse…
Ju,


Se te imanta o papel dessa maneira, foram criados um para o outro...




;)




Capicce?!










Beijos,











Marcelo.