Feliz Ciber-Natal






Publicada no Caderno
Mulher Interativa
Jornal Agora 19-20/Dez/09
Ilustração: Lorde Lobo







E o Natal já chegou! Ao menos no mundo virtual — ou seria o mundo virtual que se adiantou a chegada do Natal? Para quem é assíduo usuário das famosas redes sociais (orkut, facebook, twitter e outras mais, nas quais ainda não existo) bastam alguns cliques e pronto: fez-se o espírito Natalino!

Funciona mais ou menos assim: você visita o perfil de alguém, deixa um presente sob a sua árvore virtual, envia um cartão por e-mail ou simula uma troca de abraços entre os seus avatares e ho-ho-ho, Feliz Natal! Se você não faz a menor idéia do que diabos eu estou falando, ufa! Celebremos as boas novas: nem todas as pessoas se resumem a píxeis e bites, nem tudo está perdido!

A internet e a praticidade que ela proporciona deveriam servir para facilitar a vida moderna, e não substituí-la! Papai Noel que me desculpe, mas pelo andar da carruagem, ou ele passa a ler e-mails e arruma uma vaga como o funcionário dos correios que entrega os presentes comprados on-line, ou terá dificuldade em alimentar as henas no próximo ano!
— será que a magia do Natal resiste à era digital?

Por falar em magia, como ficariam as superstições incorporadas ao ciber-mundo? Ao invés de pendurar uma guirlanda na porta de entrada e uma meia na lareira, pode-se postar a imagem de uma delas como foto do perfil. E na virada do ano, muda-se novamente a foto para uma na qual vistamos roupas brancas. E se você costuma comer uvas e pular ondas — espero que não simultaneamente — basta twittar três, cinco ou doze vezes a palavra uva, o número varia, mas desde que caiba em 140 caracteres, tudo bem.

E quanto às ondas? Você pode até ir à praia do Cassino curtir o show dos fogos, mas chega de sujar seu vestido branco novinho: basta digitar sete vezes o acento gráfico “til” e passar a onda adiante, para que seus amigos possam fazer o mesmo. Tudo o que você precisa é de um celular com tecnologia Bluetooth e amigos presentes num raio de cem metros, que também o tenham — coisa que, cá pra nós, é mais fácil de encontrar do que ondas no Cassino.

Eu que não sou grande fã nem de uvas, nem de mar, aprecio muito a idéia — especialmente se puder expandi-la para as lentilhas! Se isto é válido enquanto ritual, não estou bem certa... Assim como não estou certa quanto à origem do Natal e da troca de presentes — é algo como o festival saturnino romano do solstício de inverno, cuja data foi aproveitada para a celebração cristã, que por sua vez tem sido muito bem aproveitada pelo mundo capitalista!

De qualquer forma, é tempo de abraços, presentes e programação especial na televisão — quem reclama disso? Eu não! E quanto aos rituais, na dúvida não custa tentar. Quando chegar a hora, vou comer as uvas, fugir das lentilhas e twittar 140 caracteres de bons votos a todos os amigos, reais e virtuais — incluindo as ondinhas!

Deixo então a vocês, caros leitores, meus votos de um Feliz Natal!

E antes que eu me esqueça, guardem isso para o ano novo:
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Nota da Autora: Meus sinceros agradecimentos à colega de aula e parceira de devaneios, K. Gibbon, que em conversa pra lá de animada sugeriu a ideia das ondinhas. Ah, foi conversa ao vivo, e não "MSNínica". Valeu, guria!

Comentários

Mariana Valle disse…
Muito bom, Ju. Ri muito. Não quero saber de nada que seja desenho ou mimo virtual seja no facebook ou em qualquer lugar da net, mas aproveito para desejar que o seu natal e ano novo seja muito bom, repleto de boas companhias reais para curtirem a época com vc. Que é o que desejo pra mim também. Cada vez mais me lembro do filme "Denise está chamando". Altamente premonitório.

Bjs!
Velho Barbudo disse…
Sabes bem que esse "velho", não aprecia o natal, porém é um grande aprecidor das tuas procuções, então não poderia deixar de comentar...

...ainda mais pq recebí uma "intimação"...