Benquista

Ilustração by Audrey Kawasaki

Detesto ser aquela pessoa ingênua que, quando questionada "como vai?", responde sempre numa riqueza de detalhes que o interlocutor jamais desejou saber. E que, ao esperar por uma conquista, na ânsia de vencer, faz dos outros seus comparsas, imaginado que a torcida lhes será benéfica, benquista - nunca é. Ela não faz de sua vida um segredo, pois não pode, não quer. Nem saberia como fazê-lo. Há muita solidão nos segredos. Mas não se engane. Não perca seu tempo nutrindo por ela pesares. Não há nada de inocente na ingenuidade descabida, no excesso de dizeres, na carência - de afetos, de prudência, de sentidos. Detesto ser aquela pessoa, mas, ainda assim, o sou. E não há nada que possamos fazer a respeito disso.

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