Balance!









Ilustração by Lorde Lobo








[Publicada no caderno Mulher Interativa - Jornal Agora/RS]

Final de ano. Ora de (re)fazer o balanço: os mesmos trezentos e sessenta e cinco dias – noites e madrugas inclusas – passados, como em todo ano não bissexto. A soma individual de cada vida se tornando, a cada cálculo, mais assustadora. Em ponteiros, um ano significa oito mil setecentas e sessenta horas, das quais se passou um terço, cerca de três mil horas – com uma grande margem de erro – dormindo... O equivalente a mais de cento e vinte dias inteiros... dormidos!


Deitar, dormir, sonhar: desperdício ou investimento? 

Apesar do que a ciência diz, insiste e tenta provar, nunca sou convencida do benefício que as tais “oito horas” de sono – diário! Ou, pior, noturno! – podem trazer. É muita coisa! E em longo prazo. Requer tempo demais para se conferir os resultados. Tempo demais... para se passar ali, deitado, inerte, apático, “recarregando” – definitivamente, a natureza, em toda a sua sabedoria, bem que poderia ter bolado um sistema melhor de otimização de energia! Mas, não.

E lá se foram outras duas mil e tantas horas (no meu caso, que nunca durmo as oito) de total improdutividade... Não que o sonhar não possua seus méritos e inspirações – de suma importância a escritores e artistas da criação –, mas sem objetividade, a coisa não flui. Talvez por essa mesma razão existam tantas previsões de ano novozilhões de mancias que tentam definir um norte que nos facilite a navegação no novo e desconhecido mar que se abre a cada primeiro de janeiro. E, se tratando de embarcações, nada melhor – ou mais primordial – que os astros apontar um caminho

acreditar, ou não, é uma questão de crenças; segui-lo, ou não, de livre arbítrio!

Dizem os astrólogos que o ano de 2010 fora regido pelo planeta Vênus – que, para os gregos, representa Afrodite, a deusa do amor... e de outros detalhes relacionados ao tema, tais como beleza, sexo, etc. Pois bem, verdade ou besteira, o fato é entre aqueles que me cercam, pude assisti, algumas vezes mais de perto do que gostaria, a: um casamento celebrado, dois quase casamentos encerrados, quatro divórcios concluídos e alguns que teriam tomado o mesmo rumo, não fosse o jogo de cintura que a vida moderna nos permite. Eu, não me incluo em estatísticas. As acho deprimentes! E se me incluísse, na certa, manipularia os dados – a favor de quem? Do texto, claro. Números não me afetam. Nem a mim, nem aos fatos – presentes, pois, os registros, quando bem escritos, moldados e curtidos pelo tempo, mudam passados e, consequentemente, futuros!

Sendo assim, o ano que passou, ao menos para mim, foi o ano de Afrodite. Se foi bom para o amor? De certa forma, sim, pois balançou aquilo que estava estagnado, e isso, sempre é bom. Agora, não estou certa quanto às previsões referentes ao ano recém chegado – com Mercúrio de regente, o Hermes dos gregos... Se, de fato, será bom para os negócios, para os atletas, para as comunicações, aquisições ou conquistas materiais, isso, só o tempo, uma vez passado, vivido e devidamente registrado, será capaz de nos dizer... Com certeza!

Se me restasse um desejo para qualquer astro pendente, cadente ou não, no céu do réveillon, pediria um vento forte, mas muito forte! 

Forte o suficiente para acabar com qualquer marasmo que possa surgir nesse novo ano-mar. Um vento que balance forte as estruturas, para que todo o pó seja derrubado, para que toda a rachadura profunda demais para resistir ao balanço, caia em ruína, para que as reformas necessárias ou sejam feitas ou dêem lugar a novas estruturas – minhas, suas, do lugar onde vivemos, da realidade que construímos, de tudo e de todos nós.

Um vento que nos balance, de fato!

Comentários

Caca disse…
Eu estou a favor desse vento, caso ele queira me levar também. E quanto a dormir, concordo com você e com o que disse um filósofo mineiro: "para descansar teremos a eternidade." Abraços, Ju. paz e bem.