Disritmia

Queen by Mckean

Há um buraco bem no meio
do meu peito. um vazio
que insiste em sugar
a vida que bate em
(im) pulsos
disritmados

ainda que meio cheio
de nada
não passa de um buraco
meio vago.
o que lhe completa?
eu pergunto. e um eco segue

buraco adentro
em busca de respostas
e só encontro a mim mesma
presa em emboscadas internas
a explorar o buraco que me traga
o peito aberto

só há nele uma dor
sem ferida ou sangrar
sem pássaro qualquer
[quer fosse azul]
nem sequer cicatriz
só um buraco a doer

e a crescer e crescer
e nada me resta a fazer
a não ser assistir ao ir
e vir das coisas que nele
trago e cuspo, arrependida
meu buraco só se alimenta de vida

há um buraco bem
no meio do meu
peito que não me toma
de todo por um triz.
há um buraco e eu
que ainda teimo em ser feliz

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