Num Caravaggio

Death of the Virgin (1604-1606), Caravaggio
Uma luz rala ilumina
a folha em branco
não por falta
do que dizer
mas talvez porque
não saiba ela como

ou nem tudo precise ser dito

Do outro lado
da janela o mundo
dorme à noite em breu
silenciosa e sozinha
numa cena que mais parece
obra de arte, um Caravaggio

a luz, a sombra, a trama, o tom

E ela dentro dela segue
fingindo dormir tentando
guardar em si tantas
dores quanto dramas
que um dia já foram
segredos seus

e o papel que lhe cabe já não está em branco.


[NOTA IMPORTANTE: poema escrito em 07 de janeiro de 2011]

Comentários

Anônimo disse…
o papel que nos cabe já não está em branco