não me venha

Não venha me fazer
poemas
não venha pôr
na minha boca
palavras
nem deite sobre mim
seus versos
[ainda que sejam
belos, os danados]

vá ocupar-se
de algo
mais útil
do bem da humanidade
ou das meias sujas
[eu não me importo]
apenas vá
escrever
sobre qualquer outra
coisa

[embora quando o faça
eu hei de ficar magoada]

só não mais
venha fazer
sobre mim
os teus poemas
sujos, certeiros
injustos
-e a justiça
e o asseio
lá são qualidades
que caibam num poema?
que caiam
bem a um poeta?

já o erro
esse
certa-
mente
a ambos
compete
e em qualquer verso
[enquanto parte
de trás]
há de se encaixar
bem, muito bem, meu
bem.

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