Pensa.lento

em
"The Feather" by Movezerb
Começo a perceber que talvez seja só
para mim que as coisas
[de matéria ou de memória]
deixam longos e viscosos rastros, feito lesmas...


                                            ...apego saudoso

                                                                       ...saudade pegajosa


...e meu relógio anda a 1/4
do tempo
que os outros esperam de mim
por mim? não estou bem certa...

A lentidão das horas
e o arrastar dos sentires sempre
pareceram-me tão adequados... que, todos
os dias, já pela manhã, padeço do mal do desacordo...

E vejo o perecer dos segundos por detrás das pálpebras
um lento piscar pode guardar um tanto de mágoa
um pouco de sono ou muito
muito mais que isso...

Comentários

Anônimo disse…
tua verdade, tua razão e tua sensibilidade me são tão caras, próximas e profundamente enraizadas em minha poesia (muitas vezes também em meu discurso) que te encontro nos meus poemas, quase tanto quanto me encontro nos teus. Sinto (muito) se tantas vezes encontro os desacordos das manhãs. Sinto tanto carregar(-te?; -nos?) de umas mágoas tão descabidas em tempos de gente que deveria se querer bem.

Sinto muito por teus sentires. Rendem poemas tão lindos, de qualquer modo...

Quero ainda ver, e logo, esses olhos abrirem para estes olhos, e o tempo andar desapressadamente (como tem andado, não tem?), mas que estejam de acordo.

"Acorde, meu bem", é o que estes olhos vão te dizer.

E coisas mais que já bem sabes que estes olhos aos teus dizem.
16 de junho de 2011 às 00:19
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