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[Keit Mary] Natureza Viva #1 por Ju Blasina

Como pode um ser
tão pequeno
ocupar tanto espaço
no meu ser...

O que estes olhos grandes
em mim já puderam ver?
E o que de mim guardaram
sem dizer...

Sua presença
por vezes foi toda
a presença
com a qual pude contar...

Quantos segredos
os pequenos
ouvidos teus
já sepultaram...

E com quantas
lágrimas fiz chover
sobre ti
a minha dor...

E mesmo sem uma
palavra sequer dizer
sempre se fez
tão bem compreender...

Como pode ser
um ser
tão lindo
puro e sincero...

Em meio a esse
mundo de dureza
és a prova da contradição
de toda a minha fria certeza...

A falta
de afeto que dá
 ao medo razão
não te reflete...

Que tua presença eterna
seja num olhar, num carinho
seja numa lembrança daquilo de belo 
que, vivo, sempre levarei comigo, da infância...

[Keit Mary] Natureza Viva #3 por Ju Blasina

NOTA ► Poema antigo, muito antigo [e, por isso mesmo, singelo], escrito [e, hoje, reescrito] para a gata mais doce desse mundo: Keit Mary, hoje velhinha e doente, que faz de minha vida mais feliz já há 17 anos!

Comentários

Rodrigo Jordy disse…
Oi Ju, me solidarizo com a sua dor. Essa situação me machuca muito mas tenho certeza que você sabe que o que acontecer daqui pra frente, independente do que seja, vai ser o melhor. Principalmente para ela já que nós, os "fortes" e "dotados de inteligência" seres humanos, não sabemos lidar com essa dor. Devíamos aprender com nossos cães e gatos.
Caca disse…
Esse amor é dos mais puros (do animal com a gente). Eu li esses dias um livro de Drummond (O OBSERVADOR NO ESCRITÓRIO), onde ele lamenta a perda de um grande companheiro , o gato, que teve uma doença (nos anos 60) e os vizinhos o obrigaram a se livrar dele com medo de contágio. Ele fez uma homenagem e um lamento profundo, dizendo que sua dor fora tão grande que não mais ia querer saber de outro animal doméstico.

A singeleza do poema , como você disse, talvez o tenha tornado ainda mais belo, tal como sas coisas simples e bem elaboradas. Meu abraço. paz e bem.