Amor civilizado - Prosa poética





Imagem: Steve Adams







E que assim seja
O matrimônio
Adquirido em papel
A eternidade consagrada
Num selar, anelar, assinar
E assim o nome muda
As pessoas (?) não
E o homem mudo
Fica... lá... sorrindo
E nos deixa levar
O dito pelo não dito
O lido pelo não lido
O medo pelo não sido
No silêncio um olhar
Trocado, unido
No mal entendido
Do bem escrito
No manuscrito
As palavras não tem calor
E os momentos, tem?
Não senti todo
O peso
Daqueles dois seres
Unidos em um
Compromisso eterno
De cinco minutos
Em um papel

Comentários

marcia szajnbok disse…
civilizar o amor... tarefa inglória!
nisso que temos, que tanto pulsa,
que nos revela
sem vergonha ou repulsa
é que mais somos
o que de fato somos:
produtos livres da própria história!

bjinho
Seu texto é lindo, Ju!
E o comentário da Márcia
ainda o incrementou!

Que dizer além?.
Que, apesar de tudo,
de todas essas sábias considerações,
ainda considero o matrimônio
um grande ato?

Não como se vê por aí
- convites, recepções,
notas nos jornais,
álbuns de fotografias.
Refiro-me ao matrimônio
como opção real:
consciente,
desejada,
um compromisso
verdadeiro
de vida a dois,
respeitado dia após dia.

Ah!
Confesso:
sou lírica, romântica,
com todos os sonhos,
mesmo ciente das desventuras...
(risos)

Beijos, queridas!
rosane disse…
Mas que bela esta poesia! Um luxo!
Parabéns!
Rosane
Ju Blasina disse…
Obrigado meninas
Achei mesmo que as mulheres se identificariam mais com esta poesia.

Eu a escrevi lembrando a decepção que sempre sinto em casamentos civis - sobretudo qdo se é a noiva - a gente se carrega de sentimentos, expectativas (e maquiagem também) para, em cinco minutos, um estranho qualquer dizer que "agora sim"...

O romantismo não mora em papel, nem mesmo em poesia! Mora é nesta interação maravilhosa, nessa troca entre o texto e o leitor.

Já no casamento... Também é nas trocas, de todo o tipo, creio eu! Risos...

Beijus