De tudo o que traziam as mãos de antes

Autorretrato Ju B. [2010]

olho para as mãos
de antes
presas
dentro de digitais
que hoje não passam
de lembranças frias
e sinto por elas
saudades
do tempo
em que nem todos
os dedos eram iguais

olho para as mãos
de agora tão cheias
de liberdades
de igualdades
de dedos
e  de outros
adornos baratos
inertes
tentando preencher
o vazio das memórias
há pouco carregadas

naquelas mãos de
antes havia um brilho
que nem o presente
pode apagar
nem o passado
preservar
em nós

e nas de agora
vejo espaços
a espera de novos
anéis a exibir e esconder
segredos além de outros
venenos que não brilham
em fotografias.

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